PRÓS E CONTRAS
Polémica, com princípios de ética e sustentabilidade frequentemente questionados, a caça de troféu gera muitas centenas de milhões de dólares por ano em muitos países, nomeadamente na África Subsaariana, assumindo-se como o pilar económico da conservação da vida selvagem em muitas das zonas mais pobres do mundo. Esta assunção decorre do argumento de que uma parte significativa das verbas que decorrem das elevadíssimas taxas de concessão e licenças de caça para caçar elefantes, rinocerontes, búfalos, antílopes ou grandes carnívoros, reverte para projetos locais de conservação e para subsistência das populações locais. Os apoiantes da caça de troféu reivindicam ainda o aproveitamento integral de um recurso natural em áreas onde este faz efetivamente falta.
A caça de troféu tem, assim, presuntivamente, uma dimensão socioeconómica importante na região onde é exercida, pois pode gerar emprego, alimento e fonte de rendimento para as populações locais. No entanto, parte significativa das verbas é entregue aos governos e operadores turísticos e apenas uma pequena parte reverte efetivamente para populações locais.
A caça de troféu pode também ser utilizada como uma medida de gestão e conservação da vida selvagem, nomeadamente na correção de densidades populacionais. No entanto, há que ter em mente que os exemplares abatidos têm caraterísticas fenotípicas marcantes e os que, efetivamente, constituem melhores troféus têm elevada condição corporal e sanitária, melhor potencial reprodutivo e, portanto, também representam elevado valor do ponto de vista do fitness e da produtividade da população.
Muitos dos locais remotos onde a caça de troféu é praticada mantêm-se, alegadamente, selvagens e não há ocupação pela agricultura ou pecuária como fontes alternativas de rendimento.
Quando bem gerida, seguindo princípios éticos e princípios de sustentabilidade, a caça de troféu pode trazer benefícios importantes para a proteção e recuperação de espécies, para a conservação de habitats e contribuir ainda para reduzir a caça ilegal e o comércio ilegal de animais silvestres, além de proporcionar benefícios às comunidades rurais. Países que baniram a caça de troféu, como o Quénia, registaram acentuados declínios de várias espécies selvagens, o que foi atribuído não só à falta de verbas para projetos de conservação, mas também a um aumento da caça ilegal e furtivismo, às pressões demográficas exercidas sobre os espaços naturais e a ocupação desses espaços por explorações pecuárias, com consequentes menores recursos disponíveis para os animais selvagens.