Caça Adaptativa e Sustentável

Dez medidas a adotar no exercício da caça em pleno respeito pela Conservação da Natureza

 

A caça adaptativa consiste em ajustar a exploração cinegética à situação populacional e fenologia das espécies cinegéticas. Por sua vez, a caça sustentável consiste na utilização da caça como recurso natural, de um modo e a um ritmo que assegure a preservação das espécies e não conduza a uma diminuição a longo prazo da diversidade biológica. Estes dois conceitos estão interligados, na medida em que o aproveitamento sustentável dos recursos cinegéticos obriga à sua exploração de forma racional e adaptativa, e não apenas como uma atividade exclusivamente extrativa, regulada pelo mercado da lei da oferta e da procura. O caçador moderno comporta-se, pois, como um gestor que aproveita os recursos naturais de maneira ética, responsável e respeitando os ecossistemas, sob o compromisso de manter e aumentar os recursos naturais que encontra.

Todas as entidades relacionadas com a atividade cinegética, de cariz particular, coletivo ou associativo, devem exercer, e exigir que seja exercido, de forma responsável e ética o ato cinegético e as suas atividades conexas.

Para alcançar todos estes propósitos, propõe-se a adoção de várias medidas no exercício da caça:

  • Tenha em consideração a fenologia de cada espécie, de modo a mitigar os possíveis impactos negativos da atividade cinegética na sobrevivência ou no comportamento natural desta. Cumpra as limitações e regras para o exercício da caça, pois estas destinam-se a respeitar os ritmos biológicos e a garantir as necessidades ecológicas das espécies e dos seus habitats.
  • Preocupe-se com o ordenamento da sua zona de caça. Nos tempos atuais, a fauna silvestre necessita de ser ajudada durante todo o ano. Não se lembre só dela na época de caça.
  • De forma a conservar a diversidade genética presente nas populações, evite focar-se exclusivamente nas características fenotípicas como critério de seleção de exemplares para repovoamento cinegético.
  • Reintroduza apenas espécies cinegéticas constantes na lista de espécies nativas, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN) para a reintrodução de espécies. Não introduza espécies exóticas nas zonas de caça.
  • Tenha em conta as flutuações sazonais na disponibilidade de elementos do habitat, tais como zonas de abrigo e alimentação. Evite caçar quando as condições facilitam a captura ou quando não correspondem ao exercício ético da caça. Contribua para a sobrevivência dos animais silvestres na ocorrência de circunstâncias anormais, evitando caçá-los mesmo que o período venatório se encontre em vigor (e.g. surtos infeciosos, nevões fortes, secas prolongadas, e incêndios).
  • Controle o número de espécimes que abate. Apoie e cumpra os planos de exploração e ordenamento da sua zona de caça.
  • Não utilize processos e meios de caça desleais ou não seletivos, pois além de estar a infringir a lei, está a colocar em risco a preservação das espécies e o futuro da atividade cinegética.
  • Seja proativo e não compactue com ações de caça furtiva ou ilegal, denunciando-as às autoridades.
  • Evite perturbações inúteis na época de reprodução dos animais silvestres.
  • Colabore na recolha de dados sobre as espécies cinegéticas, com vista a contribuir para o aumento do conhecimento da dinâmica das populações e a facilitar a sua monitorização.